Comida de sobras. Das sobras que estão no frigorífico. Daquelas que tantas vezes nos esquecemos,
Tenho como prioridade nunca deixar estragar comida. Mais ainda, tenho como prioridade não fazer nada de novo sem primeiro acabar de gasta o que já está feito. Assim nasceram estas tartes. Um bocadinho pequeno de salmão que tinha sobrado. Alho francês que estava destinado a sopa, mas que acabou na tarte, um restinho de uma embalagem de natas ácidas e o fundo de um pacote de queijo ralado. Tudo isto se transformou no recheio de uma tarte. A base foi uma experiência para fazer uma base sem glúten, e resultou muito bem, com uma massa que ficou crocante, a desfazer-se na boca e fácil de desenformar.
E assim do quase nada se fez muito. De restinhos que podiam ter acabado no lixo uma refeição para duas pessoas.
Num mundo onde a sustentabilidade está na ordem do dia, a mensagem de não desperdiçar nunca foi tão forte. Mas não pensemos apenas em sustentabilidade. Pensemos em todas as pessoas que deitam os restinhos e as sobras fora. Das pessoas que não aproveitam, que não comem comida “requentada”, que não criam coisas diferentes com o que que sobrou de outra refeição. Pensemos nas pessoas que não conhecem outro destino para os restinhos do que o caixote do lixo. E depois pensemos que no mesmo mundo onde estas pessoas deitam comida no lixo, morrem pessoas à fome. Ainda que não seja mesmo ao nosso lado, Ainda há quem deite comida boa fora, e ainda há quem morra à fome. Só isso parece-me uma boa desculpa para repensar atitudes. Sustentáveis ou não. Na ordem do dia ou não.
E não esquecendo que uma grande parte das receitas da cozinha tradicional portuguesa, tem como base o aproveitar tudo, desde o pão duro às beldroegas que cresciam no chão, ao bocadinho de bacalhau que se transformava em pataniscas para muitos…
Repensemos atitudes.
Ingredientes para a massa: (2 tarteletes individuais)
40g de flocos de aveia (sem glúten)
70g de farinha de arroz
20g de fubá de mandioca ou amido de milho ou polvilho
1 colher de sobremesa de linhaça moída
30ml de água
sal q.b.
40g de manteiga
Recheio:
1 alho francês grande
75g de sobras de salmão cozinhado
sal e pimenta q.b.
1 ovos
75ml de natas ácidas (podem substituir por normais)
30g de queijo ralado
azeite q.b.
Preparação:
Comece por fazer a massa. Num robot ou processador de alimentos coloque os flocos de aveia, a farinha de arroz e a fubá de mandioca e triture tudo até ficar com uma farinha fina. Junte depois a linhaça, a água, o sal e a manteiga em cubos, e triture até obter uma massa. Retire e forme uma bola, juntando um pouco mais de farinha de arroz de necessário, para não colar.
Forre depois as formas de tarteletes (eu não estiquei com o rolo da massa, usei apenas as mãos, pois a massa é um pouco mole e é mais fácil de forrar assim do que usar o rolo da massa).
Pique com um garfo e leve ao forno previamente aquecido a 180ºC durante cerca de 15 minutos.
Entretanto prepare o recheio. Corte o alho francês em rodelas finas e lave bem para retirar toda a terra.
Leve um frigideira ao lume com um pouco de azeite e cozinhe o alho francês até que este fique macio. Tempere com sal e pimenta.
Numa taça bata o ovo com as natas e tempere com um pouco de sal e pimenta.
Retire as bases das tarteletes do forno, e no fundo coloque o alho francês cozinhado. Por cima disponha o salmão, limpo de peles e espinhas e desfeito em lascas, e verta depois a mistura de ovos e natas. Polvilhe depois com o queijo ralado.
Leve novamente ao forno, cerca de 25 a 30 minutos, até a massa estar cozinhada e o recheio firme.
Desenforme e sirva com uma salada verde.
Bom Apetite!
Uma resposta
Nem mais, Joana! Usamos e deitamos fora como se já nada presta e tudo seja substituível 🙁 E sim, todos os dias morrem milhares de pessoas (mts delas crianças!) de fome pelo mundo fora… Irónico, não é?… Muitos c fartura e tantos sem nada 🙁 Bjinhos!