Para ser Natal é preciso haver “felhoses” (filhós). Daquelas que a minha avó ainda faz e amassa com a ajuda do meu avô e que são “tendidas” na mão, apesar de algumas pessoas o fazerem no joelho. “Felhoses” que são amassadas com um pouco de puré de abóbora para ficarem com uma cor alaranjada bem bonita e que o meu avô, na tarde de dia 24, ajuda a fritar virando-as na frigideira até ficarem lourinhas, e que depois coloca num tabuleiro em carreirinhas quase perfeitas polvilhando-as ainda quente com açúcar amarelo e canela. Estas são as filhós do meu Natal, as filhós que se fazem na Beira, lá para os lados da Serra da Estrela.
Infelizmente ainda não aprendi bem a receita e os truques, apesar de já as ter visto fazer centenas de vezes. A ver se é este ano que aprendo para quem sabe poder aqui partilhá-las no próximo ano.
Até lá, deixo-vos uma receita de filhós de água que a minha avó me costumava fazer muitas e muitas vezes para o lanche, e que de certo modo se enquadram na quadra natalícia que estamos a viver. Filhós perfeitas para um lanche, comidas quentinhas com uma chávena de chá enquanto olhamos para as luzes da árvore de Natal.
Ingredientes para 1 pessoas gulosa:
(in “Feito em Casa”, pág. 388, Joana Roque)
1ovo
6 colheres de sopa de farinha
1 pitada de sal
Água q.b.
Açúcar e canela para polvilhar
Preparação:
Misture o ovo com a farinha e o sal e mexa bem. Acrescente golinhos de água até ficar com uma polme espessa, mas sem grumos.
Leve uma frigideira ao lume com óleo vegetal e frite colheradas de massa, tendo o cuidado de a virar para dourar por igual dos dois lados. Escorra em papel absorvente e passe-as, enquanto quentes, por açúcar e canela. Coma de imediato. (Até porque não são tão boas depois de frias!)
Bom Apetite!
12 respostas
Será que são estas as filhós a que a Joana se refere? Feliz Natal, bjs.
http://rapotacho.blogspot.com/2007/11/as-filhs-como-as-fazia-minha-av.html
Ficaram com aparência e coloração linda, e devem ser muito saborosas.
Beijo,
Vânia
eu acho que sou um bocado naba para fazer felhoses, mas estas são tão simples que acho que vou arriscar. já tinha esta receita assinalada no teu livro para experimentar…
Não sei o que são "felhoses". Será que não se enganou a escrever?http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=filhós
Adoro este blogue, tem sempre receitas deliciosas, ideias giras!
E anónimos parvos. Quem nunca deu nenhum erro ortográfico?! 🙂 E também não percebo o anonimato para fazer a correcção…enfim…
Recordações doces como essas suas são das maiores riquezas que podemos ter na vida 😉 Boas festas
Parecem apetitosas, penso que vou experimentar.Aproneito para desejar um Feliz Natal.
Joana:
A família da minha mãe é da Beira Alta e as filhós que fazemos no Natal são as mesmas que a minha bisavó e avó faziam (a minha bisavó tendia-as no joelho). Não levam abóbora, mas pão em massa ou farinha e fermento de padeiro; aguardente para temperar, azeite e ovos. A massa fica a levedar umas horas envolta num cobertor e num local quente até dobrar o tamanho. Para mim, o melhor livro para consultar estas receitas (porque há muitas variedades de filhós, e mesmo o nome varia muito consoante a geografia) é A Cozinha Tradicional Portuguesa, da Mª de Lurdes Modesto. Nas receitas da Beira Alta estão as 'Filhós de Natal'.
Seja qual for a receita ou o nome,o que importa são as recordaçoes que esses sabores nos trazem e que revivemos todos os Natais!
Festas Felizes e tudo de bom em 2012.
Marta
Leça da Palmeira
Lena
A familia da m/mãe n/é da Beira Alta mas sim da Beira Baixa e faziam assim as filhós de Natal, mas não levavam abobora nem pão em massa mas sim farinha.A massa ficava coberta com um cobertor junto à lareira para levedar mais depressa,isto fazia-se no dia 24 à hora do almoço e só se fritavam à noite depois do jantar, BONS TEMPOS QUE LÁ VÂO E NÃO VOLTAM. E que saudades das ditas "filhós" ou "felhoses"
Paula:
Sim, são exactamente essas filhós a que me refiro. Como as da sua avó e como as da minha, apesar da receita ser um pouco diferente.
Anónimo:
Sim, eu sei que está mal escrito. Mas é mais forte do que eu chamar a estes fritos de natal o nome errado. Eu bem que tento, mas sai-me sempre o nome errado ( a mim e a muitos portugueses…) Mas vou corrigir e esperar não cometer o mesmo erro. E da próxima vez que eu cometer um erro, o que irá acabar por acontecer,e o anónimo o vier corrigir, deixe o seu nome para evitar que eu o chame de "anónimo" irónico. Até porque percebeu muito bem o que eu queria dizer com "felhoses" e descortinou o termo correcto. E bastava ter deixado essa indicação.
Marta:
As filhós que a minha avó faz são como a Marta as descreve, mas a minha avó "personalizou" a receita e acrescenta sempre um pouco de puré de abóbora apenas para dar uma cor mais alaranjada. O produto final não sabe a abóbora.
Quanto à receita, eu sei que ela está nesse livro da Maria de Lurdes Modesto, que é uma autêntica biblia de cozinha portuguesa, mas é diferente aprender com a receita ou com a avó em véspera de Natal. É disso que são feitas as receitas que guardo no coração. E apesar de já a ter ajudado com as filhós dezenas de vezes, nunca me aventurei a fazer sozinha e a aprender todos os passos e truques. É por isso que eu espero, pela história de como aprendi a fazer as "felhoses" de Natal.
Olá Joana. Outra vez.
Tem razão, nada como aprender a ver fazer. Muitas e muitas vezes. Foi assim também que aprendi, com a minha avó. E mesmo agora é um ritual que eu adoro ver a minha mãe fazer. Todos os dias 24. E há pequenas coisas que vão tão para além de uma receita escrita, por muito bom que seja o livro. Como apurar o sabor com a aguardente, deitada 'a olho' até acharmos que sabe bem. Ou benzer a massa e fazer-lhe uma cruz antes de a por a levedar, algo que nem eu nem a minha mãe nos atrevemos a esquecer, não vá o diabo tecê-las e a massa não 'fintar'… Ou segurar as filhós com dois garfos enquanto fritam para lhes dar aquela forma enrugada tão característica… E saber exactamente como misturar o açúcar com a canela para as polvilhar.
E já agora, uma sugestão: comê-las ao pequeno-almoço do dia de Natal com um bela fatia de Queijo Serra da Estrela!
É quando o Natal me sabe melhor…
Um beijinho,
Marta
Que orro