Arroz Doce

E chegamos à vespera de Natal.
Hoje é dia de azáfama nas cozinhas por este país fora. A preparar o bacalhau, a rechear o perú, a temperar as carnes para o almoço do dia de natal, a fritar as rabanadas e os sonhos e as felhoses.

A fazer as sobremesas. E o cheio da canela e dos fritos edos bolos espalhado por toda a parte.
Também é dia de azáfama na minha cozinha. Apesar de o Natal ser repartido entre pais e sogros há sempre algumas coisas a fazer para se levar. E algumas para ter em casa.
E como ainda se vai a tempo, deixo aqui uma ultima sugestão para este Natal que faz parte de muitas mesas portuguesas e é a sobremesa favorita do M. e do meu avô.
E a receita que aqui coloco hoje foi-me dada por uma senhora com quem tive muitas e boas conversas. De quem eu gostava muito e ainda me lembro muitas vezes. E que fazia anos a 26 de Dezembro. Arroz Doce. Para um Doce Natal! Feliz Natal!

Para uma travessa pequena
(porque a gula é um pecado!)
ponha de arroz 200 gramas
num tacho bem areado,
(o arroz carolino convém ser
para o resultado lhe vir bem a saber).
Juntar de água 400
e levar a lume brando,
mexer sempre com ciência
(é virtude a paciência!).
Quando estiver a secar,
mas sem deixar esturrar,
vá deitando com carinho,
aquecido, bem quentinho,
de leite de vaca um litro,
mas que seja bem medido.
Pouco a pouco, já o disse
e não vá fazer tolice:
deita e mexe e ao secar
mais um pouco acrescentar.
Quando metade do leite já deitou
de sal uma pitada e açúcar acrescentou.
De açúcar vai deitar
até ao peso do arroz igualar.
Já não se lembra? Veja atrás
e não seja distraído:
200gramas bem medidas.
Entretanto sempre a mexer
vai também dissolver
3 gemas de ovos fresquinhos
num pouco de leite frio.
Ao deitar do leite o fim,
junte as gemas assim
(mas fora do lume então)
depois volta para o fogão,
mas só para levantar fervura.
Vai ver que fica uma doçura!
Para terminar,
uma colher de manteiga acrescentar
e na travessa pode já deitar.
Depois, canela com geito
e que lhe faça bom proveito!
P.S. Ai Jesus, que vida a minha!
Falta o limão e a baunilha,
que deve não esquecer
na primeira vez que o leite for meter.
E está pronto, a não ser
que a receita queira duplicar ou triplicar,
mas não convém exagerar-
muita gula é pecar. Mas se for p´ra partilhar, não se ilude:
não é pecado
é virtude!

Maria Natália Pedroso de Lima

(Receita e Texto)

Bom Apetite! E Feliz Natal!

18 respostas

  1. Apenas duas palavras de respeito e saudade dessa grande contadora de histórias, pedagoga, mãe e avó de muitos filhos e netos, que era um encanto de pessoa e eticamente uma referência. Onde estiver, a Dra.Natália estará concerteza meigamente a sorrir e a deliciar-se com o teu/seu doce arroz… Obrigada por partilhares connosco essa receitinha gulosa tão adequada ao Natal! Bj Mãe

  2. confesso que de todas as (muitas e boas!!) receitas herdadas da minha avó esta é a que gosto menos… por isso, espero que seja o Luís a aprender a receita nesta geração 😉

  3. Gostei muito desta receita rimada! É um pouco diferente da minha, que só leva leite, mas o resultado final é igual: uma maravilha!
    Feliz Natal para si e para toda a Família! Obrigada pela partilha em seus blogs, que muito aprecio.Bjs.Bombom

  4. Adorei os termos da receita. Concordo, fazer arroz doce é um ato de amor…e a poesia ajusata-se-lhe muito bem. Para mim o leite que se vai acrescentando tem de estar quentinho (pouco mais de morno).Bj grande, boas receitas, feliz dia de hoje. Bel

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