Há uns dias uma amiga minha, professora num colégio, comentava que ficava espantada com o que via aquelas crianças a comer como pequeno-almoço: donuts, ice-tea, bolos com creme, sumos, bolachas carregadas de açúcar…E a mim também me espanta que existam pais que se preocupam tão pouco com aquilo que os seus filhos comem. Que exista preguiça em preparar um pão com queijo ou fiambre e um copo de leite, um iogurte com cereais e uma peça de fruta, ou qualquer outro pequeno-almoço nutritivo e saudável para os seus filhos. E que a pressa pela manhã, ou a logística sirva de desculpa para as crianças irem para a escola tão mal alimentadas, com alimentos carregados de açúcar e gordura. E que depois ainda haja quem se espanta com a falta de rendimento escolar, com o sono durante as aulas e todas as outras coisas que se sabem associadas a um pequeno-almoço deficiente.
Eu preocupo-me. Agora mais do que nunca. Porque tenho um Zé Maria pequenino que quero educar também em relação à alimentação. Reconheço que vai ser difícil. Que muitas vezes vou provavelmente ceder e dar-lhe o mais fácil, o que ele come mais facilmente em vez do que lhe faz bem… Mas também sei que vai depender de mim diversificar-lhe a alimentação. Fazer-lhe gostar de comer legumes e fruta, peixe e carne em vez de doces, refrigerantes e fritos. E sei que vai depender de nós pais, que ele conheça o mais tarde possível esse tipo de alimentos. Porque ele vai conhecê-los e vai gostar deles. Não precisa é de ser quando tiver um ou dois anos.
Mas enviar crianças para a escola com donuts e refrigerantes, a mim, parece-me negligência…
Hoje a sugestão é um arroz com quatro vegetais para acompanhar o que quiserem. Uma forma colorida de tentar colocar as crianças – e alguns adultos difíceis – a comer legumes quase sem repararem. Espero que gostem!
Ingredientes para 4 pessoas:
1 chávena de arroz carolino
½ curgete média
1 cenoura
12 cogumelos brancos
1 pimento vermelho pequeno
Azeite q.b.
Sal q.b.
2 dentes de alho
Preparação:
Lave bem os legumes. Descasque a cenoura e rale-a. Faça o mesmo com a curgete mas sem a descascar. Corte o pimento em cubinhos e lamine os cogumelos. Pique os dentes de alho. Reserve.
Leve um tacho ao lume com duas colheres de sopa de azeite e junte o alho. Assim que começar a fritar acrescente o pimento e a cenoura ralada e deixe saltear um pouco. Acrescente depois o arroz e envolva bem nos legumes e no azeite e deixe fritar em lume brando um ou dois minutos. Acrescente agora o dobro da quantidade do arroz – 2 chávenas – de água a ferver e tempere com um pouco de sal. Tape o tacho e deixe cozinhar 10 minutos com o lume no mínimo. Ao fim desse tempo acrescente a curgete ralada e os cogumelos, envolva bem no arroz e deixe cozinhar tapado mais 5 minutos ou até o arroz estar cozinhado.
Sirva como acompanhamento de carne ou peixe. Aqui serviu-se com uns douradinhos feitos no forno e uma salada de alface.
Bom Apetite!
11 respostas
Este também é um tema que me causa bastante desconforto. Aliás, já falei e falo várias vezes disso no blog. Já cheguei a fazer um post com dicas para pais cuja alimentação dos filhos é sempre um tormento. Também temos de ver que se as crianças comem mal é porque também há isso em casa, na maioria das vezes. A reeducação alimentar tem mesmo de passar por todos. Não é os filhos comerem peixe cozido e os pais frango assado.
Obrigada pela receita que, com uma variação aqui e acolá, já faz parte do cardápio cá de casa há muito tempo.
Bjs,
Anabela
Também me faz muita confusão… no meu caso, como não sou professora, é os almoços e os lanches que os miudos da catequese levam para os passeios. Não só o tipo de alimentos (croquetes e companhia, bollycaos e batatas fritas, acompanhados por sumos e nenhuma água à vista…) mas também as quantidades industriais de comida que os miudos levam. Parece que vão para o fim do mundo!
De certeza que não vais ter nenhum problema em fazer o Zé Maria comer o que é melhor para ele 🙂 a verdade é que se não houver porcarias em casa, as crianças nunca as podem comer, não é?
Em minha casa, isso nunca foi um problema: não queríamos almoçar? comíamos melhor ao lanche, ou ao jantar. Não queríamos a sopa? A máxima da minha mãe: se não tens fome para a sopa, não tens fome para o resto! Se havia alguma coisa no prato que dizíamos não gostar? Podíamos não comer tudo, mas tínhamos de comer uma garfada (e, com o tempo, à força das garfadas solitárias de alimentos que não gostava, aprendia a gostar de quase tudo).
É impossível resistir a um arrozinho destes 😉 tanto miudos como graúdos!
Olá Joana!
Esta é uma preocupação lá de casa. Tenho duas filhas (7 e 2 anos) que são umas chatas para comer. De vez em quando as refeições são um verdadeiro tormento.
Estabelecemos estratégias e posso dizer que há batalhas ganhas. Uma das estratégias foi ter sempre à mesa saladas e legumes. Outra foi servir sempre o prato delas com as saladas e com legumes mesmo que não os comessem. Se durante muito tempo houve resitência, hoje, a mais velha já come saladas, quer de folhas quer de tomate mas sem tempero, porque não gosta e a mim não me custa nada empratar o prato dela antes de temperar a salada e os legumes também já "marcham". Ainda há resitência por parte da mais nova, mas há que dar tempo ao tempo. Quanto aos lanches da escola mando muitas vezes tomates cherry, cenoura, maçã descascada (que coloco logo numa caixinha para não oxidar), tortitas de milho ou arroz com 1 pacote de leite (exceptuando os dias da ginástica em que mando 1 sumo natural de maçã que há à venda na zona dos frescos dos supermercados e que têm um prazo muito curto de validade, porque não têm conservantes).
Também temos o hábito de fazer os nossos próprios hamburgures. Só que os nossos hamburgures não são feitos exclusivamente de carne. Juntamente com a carne misturo courgete, cenoura, espinafres, salsa, … o que a imaginação e o "frigorifico" permitirem!
Claro que há mais truques, mas não me quero alongar.
Beijinhos e Felicidades!
Eu tenho um piolho de quase 4 anos que, apesar de demorar sempre mais de uma hora a comer (mesmo ao pequeno-almoço), come de tudo. Não digo que este bom hábito tenha sido tudo obra minha (e da minha mãe, que sempre ficou com ele antes de ir para a escola e ainda fica quando vem da escola), mas há coisas que ajudam. Dar-lhes a provar os alimentos normalmente mais detestados logo de pequeninos (o Diogo adora brócolos e courgette por causa disso mesmo), por-lhe sempre tudo o que nós comemos no prato e obriga-lo a provar, mesmo que não coma, insistir para comer sempre a sopa antes, um bom prato (convém comermos nós também, ou mais tarde ou mais cedo eles deixam de comer). E, claro, eles comem o que nós comemos. Se o almoço e o jantar são porcarias, comidas sem conteúdo nutricional e feitas fora, é isso que eles comem e é disso que vão gostar… Boa sorte com o Zé Maria, com uma mãe tão boa cozinheira, de certeza que vai crescer a comer de tudo e com gosto! 🙂
Sinceramente não me choca esse tipo de alimentação nas crianças. Ou melhor, claro que me choca, e um dia que tenha filhos vou tentar fazer o mesmo que a Joana, e sem dúvida que o melhor remédio é adiar o dia em que os "apresentamos" a esses alimentos saborosos mas nada saudáveis. Mas saiba que me mudei há uns meses para a Irlanda do Norte e aí sim, ficaria chocada com o que vejo. Para começar, aqui não há farinhas para bebés. Aquela fase em que os bebés comem o Cerelac e o Nestum não existe. Acredite no que escrevo: aqui as crianças começam a comer batata frita e salsichas ao pequeno-almoço desde os 2 anos. Eu já vi, com os meus próprios olhos, crianças com 2 anos a comer no Mac Donald's. Eu já vi, com horror, confesso, uma criança de 2 ou 3 anos a beber Red Bull como quem bebe sumo de laranja. Daí dizer que no fundo não me choca o que se vê por Portugal.
Uma das melhores heranças que podemos deixar aos nossos filhos é o acto de ter uma alimentação saudável e equilibrada sempre que possível.
Obrigada pelo blog, tem-me sido muito útil 🙂
Eu penso o mesmo mas mesmo que não pensasse na escola da minha filha não aceitam qualquer tipo de lanche,tudo o que é bolos, bolachas chocolate ,sumos açucarados de compra elas não dão e reenviam para trás! agora se mandarmos esses mesmos alimentos feitos por nós aí o caso muda de figura mas mesmo assim elas pedem para se evitar o chocolate, só em leite mesmo.A clara só bebe água, muito de longe a longe bebe um pouco de ice-tea mas caseiro. Agora quanto aos legumes,em bébé gostava mais do que agora quase a fazer 4 anos, é que não consigo que ela coma verduras e legumes e já não sei como fazer pois sei que isso está em falta no organismo dela!
Beijinhos
Que maravilha! De facto um tema bastante sensível. Vi há dias um programa do Jamie Oliver da alimentação nas crianças e lá é que me choquei! Enfim, penso que há alimentação boa e má em todo o lado. Temos é de procurar sempre o melhor…
Beijinhos,
http://sudelicia.blogspot.pt/
As minhas filhas sempre foram conhecidas por levarem comida 'esquisita' para a escola. Ou seja, por norma não levavam batatas fritas, nem salsichas de lata, nem pizza (arghh…imaginem aquilo reaquecido para o almoço). Os lanches eram sempre constituídos por fruta, cenoura crua, iogurte, etc. O mais engraçado, é que depois os colegas acabavam por pedir para provar a comida que lhes mandava. Quando faço couscous, já sei que tenho de enviar uma caixa a mais para distribuir pela mesa. É assim tão difícil? Bjs e felicidades!
Ana Teresa
Bom dia. A educação alimentar começa na nossa própria casa e nunca é tarde demais para começarmos.
Se me permite deixo uma sugestão para quando o Zé Maria começar com a "aflição" dos dentes, cenoura crua em pauzinho não há melhor para coçar as gengivas e o bebé também começa a descobrir novos sabores. Se a Joana tiver receio dos bocadinhos que se possam desprender, há umas redes próprias há venda no toys"r"us ou na bebe confort para envolver estes alimentos, como as bananas ou maçãs. Pessoalmente eu usava para as cenouras e melão rijo dois alimentos frescos para "coçar" as gengivas. Felicidades
Gosto mt das tuas receitas de arroz: são diferentes e posso comprovar (algumas q já fiz) q são mt saborosas 🙂 Quero fazer esta tb! Bjinhos.
O que acontece hoje em dia, cada vez mais, é que as mães e os pais, não têm paciência para os filhos e então desde que eles comam, sem dar muito trabalho, é o que importa. Chegamos depois ao cúmulo de ver, como eu já vi e podem crer que me apeteceu ralhar com aquela família, um bebé de colo a beber refrigerante no macdonald's, ele gritava sempre que a mãe lhe tirava o copo e ela tornava a dar-lhe e ele todo contente a chupar na palhinha. Eu acho que as pessoas não têm consciência do mal que fazem aos filhos. Depois quando ficam doentes põem as mãos à cabeça. Todo este consumismo de "porcarias" não dá bom resultado, mas as pessoas não compreendem, habituaram-se às facilidades e não pensam em mais nada.