“Caldeirada” de Robalo

É quase meia-noite quando escrevo estas palavras. Acabei de ligar o forno e espero que os pãezinhos acabem de levedar para os colocar a cozinhar. Amanhã, ao acordar há pão “fresco” para o pequeno almoço, daquele que se pode comprar em qualquer padaria, mas que eu gosto de fazer em casa.

Continuo a gostar muito desta tarefa de “fazer em casa”. De parecer que não vivemos neste mundo acelerado e a correr onde tudo se compra feito e pronto a comer.

Gosto desta ideia de saber o que como. De conversar com a senhora que me vende as framboesas e que tristemente me diz que “Esta semana já não há. Estão todas feitas em papa”. Ou com a Ana onde compro deliciosos cogumelos e saladas e tudo e trago sempre uma ideia ou receita para colocar em prática. Gosto de saber que posso ficar a deve 0,20€ à São porque já gastei todo o dinheiro que levava e que basta pagar na semana que vem. Gosto de poder pedir para não se esquecerem de me trazer os alhos franceses para a semana, e gosto ainda mais da minha encomenda que chega sempre à quarta-feira, dos ovos caseiros.

Gosto de poder acreditar que ainda damos valor aos alimentos e à sua origem. Que os respeitamos. Que não os desperdiçamos e que valorizamos os recursos que são gastos para que estes cheguem À nossa mesa e ao nosso prato.

E assim, com esta ideia de “fazer em casa”, o jantar que foi uma espécie de caldeirada com pimentos que eu plantei e colhi na minha horta. Com coentros que semeie e vi crescer. E cebolas que arranquei. 

(Workshop de Cabazes de Natal no Porto:

Será nos Workshops pop-up, na Rua do Almada dia 29 ou 30 de Novembro, pelas 15h e poderão inscrever-se ou informar-se através de info@workshops-popup.com

Showcooking com “Receitas para entreter os amigos no Natal” (entrada gratuita) na Quinta do Ribeiro em Antuzede, Coimbra, dia 22 de Novembro pelas 15h integrado no Christmas Market da Quinta do Ribeiro)

Ingredientes para 2 pessoas:

1 robalo com cerca de 500g limpo e partido em postas

6 batatinhas pequenas

1 cebola

1 pimento verde

1 lata pequena de tomate pelado

1 folha de louro

coentros frescos q.b.

azeite q.b.

100ml de cerveja ou vinho branco

sal e pimenta q.b.

1 malagueta seca

Preparação:

Lave o pimento e corte-o em rodelas descartando as sementes. Descasque a cebola e corte-a também em rodelas. Reserve.

Pique o tomate pelado em pedaços não muito pequenos e lave as batatinhas, deixando a pele e cortando-as ao meio.

Num tacho coloque a cebola em rodelas, o pimento e o tomate pelado. Por cima disponha o peixe e as batatinhas e tempere tudo com um pouco de sal, pimenta, o louro, a malagueta seca, um pouco de coentros frescos e termine com a cerveja ou vinho branco e um pouco de azeite.

Tape o tacho e deixe levantar fervura. Assim que começar a ferver reduza o lume para o mínimo e deixe cozinhar cerca de 20 minutos até o peixe e os legumes estarem cozinhados e o molho apurado.

Sirva com fatias de pão torrado regadas com um pouco de azeite.

Bom Apetite!

10 respostas

  1. Concordo com que escreveu. Sinto o mesmo quando apanho algumas das coisas que plantei ou que colho das árvores que tenho no quintal, apesar deste ano não ter corrido muito bem neste campo. Só tenho pena de não ter muito tempo disponível para fazer pão, pois o tempo que disponho é curto para todas as tarefas que tenho que fazer, e que são feitas ao fim de semana. Beijinhos, Sara Oliveira

    1. Sara,

      Há coisas que não tÊm preço, mas que deixam memórias. Ir ao supermercado fazer compras a correr e encontrar tudo no mesmo sítio pode ser fácil, mas colher o que semeamos, fazer pão … é inestimável.

      Um beijinho,
      Joana

    1. Os meus na varanda nunca deram. Mas na minha horta comunitária crescem a olhos vistos!
      E sim. Também acho que isto é vida com qualidade!

      Um beijinho,
      Joana

  2. Joana, identifico-me tanto com as tuas palavras. Ontem também era perto da meia noite quando eu acabava de fazer uma "fornada" de iogurtes e descongelei pão caseiro feito no fim de semana. Sou tão adepto do "fazer em casa" e conhecer de perto aquilo que como. Costumo ir de propósito, mais ou menos uma vez por mês, a um mercado daquela terra onde te encontrei no domingo e comprar lá a "fruta feia" que os supermercados não querem vender, mas que sabe a fruta, as beterrabas que ainda vêm com a rama e terra na raiz, os ovos caseiros das "galinhas felizes" do campo e isso sabe tão bem. Falar com as pessoas que vendem e ajudar os produtores locais, gosto tanto.
    Adorei a tua sugestão de caldeirada, deve ser mesmo boa. A experimentar. 😉
    Um beijinho.

    1. Célio,

      Na verdade comprar produtos destes não tem preço. É engraçado como "voltar às origens" é importante. Há coisas mais importantes que o aspecto – como o sabor. E coisas mais importantes que o preço – a qualidade…
      E além disso eu agora com a minha horta comunitária tenho imensa sorte. O resto compro no cercadinho – coisa feias, pequeninas, as vzes bichadas, mas com um sabor que nada se compara aos produtos grandes e lustrosos do supermercado.

      Um grande beijinho para ti.

      Joana

  3. Já viram a sorte que têm? É que há quem não tenha nada biológico perto de casa ou tenha sequer hipótese de se deslocar dezenas de quilómetros para o comprar. Como gostava… mas faço pão, compotas, iogurtes e os ovos compro os que que dizem ser de galinhas criadas ao ar livre. Mas o que gostava mesmo era de poder comprar os melhores frescos (produtos biológicos, peixe de espécies não ameaçadas, carne de criação caseira) e os restantes produtos de comércio justo e "toxic free". Enfim…
    Beijinhos
    Ana Martins

    1. Ana Martins,

      Realmente acho que tenho muita sorte.
      Durante anos consumi o que os avós traziam do quintal deles. Agora que estão velhotes e já não têm idade nem saúde para tal, sou eu que tenho uma pequena horta comunitária.
      E tenho a sorte de ter quem me arranje ovos e frangos caseiros…
      E um mercadinho biológico todas as semanas na cidade onde vivo.
      Mas fazer em casa já é muito mais do que algumas pessoas que até o poderiam fazer e não fazem.
      Às vezes penso que o que é mesmo preciso é mudar mensalidades.

      Um beijinho,
      Joana

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