É sem dúvida um assunto que está na ordem do dia. Diminuir o consumo de carne e de peixe. Há alguns anos que falo aqui disso. Independentemente de não sermos vegetarianos ou vegans, todos temos de ter a consciência de que a forma como nos alimentamos está direta ou indiretamente ligada a algumas alterações preocupantes no nosso planeta. Não tem só a ver com deixar de consumir carne ou peixe. Tem a ver com que carne ou que peixe é que comemos, o seu modo de produção, o impacto nos ecossistemas, a origem, a raça, o que comem, o local onde são produzidos. Também passa por comer horticolas e frutas locais, sazonais e produzidos de forma mais sustentável. Pensar que os produtos horticolas têm alturas próprias de produção, e que é normal que courgetes em Dezembro sejam caras e sem sabor (porque são uma horticola de verão), e que não há necessidade de comprar maçãs que vieram da Africa do Sul, quando Alcobaça é a capital da maçã nacional.
Não vale a pena deixar de consumir isto ou aquilo apenas porque sim. Informem-se e tomem depois uma opção consciente e informada, e não apenas porque viram documetários que muitas vezes não refletem todas as realidade, e algumas vezes são também eles tendenciosos e buscam dar voz a outro tipo de protagonismo e industria. Nunca deixem que decidam por vocês, que pensem por vocês.
Se não quiserem, não têm de deixar de comer carne de vaca. Podem deixar de comer carne de vaca 2 vezes por semana, e passar a fazê-lo 1 vez por semana, ou 1 vez a cada 15 dias. Podem optar por em vez de servirem 1 bife de 250g por pessoa, usarem 500g de bife para alimentarem uma família de 5, porque juntaram leguminosas, hortícolas, vegetais frescos, arroz ou massa. E principalmente optem por raças portuguesas, certificadas. Nascidas, criadas e abatidas em Portugal. Animais maioritariamente criados ao ao livre. Que se alimentam essencialmente de pastagem e forragem, que enquanto se alimentam adubam os terrenos em que pastam, que mantêm ecossistemas. Consumir animais de raça certificada alentejana, marinhoa, maronesa, barosã, açoreana…. não é igual a consumir animais de produção intensiva, alimentados unicamente a rações, que nunca viveram ao ar livre e normalmente produzidos em paises em que as condições de produção e até regras de produção nem sequer são as mesmas que em Portugal.
Claro que é um pouco mais caro. Mas diminuir o consumo é também poder consumir menos vezes e menos quantidade, mas de melhor qualidade. E equilibrar com refeições sem carne nem peixe. Para o bem de todos. E sem termos, se não é essa a nossa vontade, de deixar de consumir produtos de origem animal. Saibam é fazer melhores escolhas. Sejam consumidores informados.
Aqui por casa tentamos que o equilíbrio seja a palavra de ordem. Menos quantidade, melhor qualidade e atenção na origem da carne e peixe. E muitos hortícolas e refeições “vegetarianas” pelo menos uma vez por semana. Afinal, queremos o mundo cheio de ambientalistas imperfeitos a fazermos em consciência e o que podemos para efetivamente conseguirmos mudar o mundo.
Ingredientes para 4 pessoas:
1 couve flor grande
350g de massa de grão de bico
200ml de “natas” vegetais de arroz ou coco
2 dentes de alho
1 folha de louro
sal e pimenta q.b.
azeite q.b.
noz moscada q.b.
mistura de sementes trituradas
Preparação:
Coza a couve flor, previamente separada em raminhos, a vapor. Reserve.
Coza a massa em água temperada de sal até que fique al dente. Retire, regue com um fio de azeite e reserve.
Entretanto leve um tacho ao lume com as “natas” vegetais e junte a folha de louro e os dentes de alho picados e deixe levantar fervura. Retire a folha de louro, junte depois a couve flor cozida, e triture tudo muito bem até ficar com um molho aveludado. Tempere a gosto com sal, pimenta e a noz moscada e envolva bem. Junte a massa anteriormente cozida e envolva bem no bechamel de couve flor.
Coloque a mistura num prato que possa ir ao forno e polvilhe com as sementes trituradas.
Leve ao forno previamente aquecido a 180ºC, com grill, durante cerca de 10 minutos apenas para tostar.
Sirva com uma salada verde.
Bom Apetite!
3 respostas
Que texto inspirador, Joana! Concordo plenamente. Embora faça uma alimentação mais ou menos paleo, ando cada vez mais interessada em refeições vegetarianas, precisamente com o intuito de evitar que todas as refeições tenham carne ou peixe. Não sabia sequer que existia massa de grão de bico, mas já percebi que há no Celeiro e sendo uma boa fonte de proteína, a receita que hoje nos deixa é definitivamente para experimentar. Um grande beijinho.
Bela reflexão e bela receita 🙂 Bjinhos.
Adorei o texto!
A alimentação mudou muito a partir da 2ª guerra mundial, fruto da industrialização e mudança de hábitos.
Hoje em dia parece que há um "extremismo" no sentido de catalogaram as pessoas em função dos dos seus hábitos de consumo, que vai para além das opções pessoais tentando impor a sua visão aos outros.
Podemos mudar os nossos hábitos de consumo, com pequenos passos, e mantendo uma mente aberta para experimentar novos alimentos, formas de preparação ou pratos diferentes.
Acho que por causa da abundância da oferta, as pessoas perderam a noção da sazonalidade e consumem determinados alimentos em excesso (ex.carne – vejam as promoções dos supermercados).
Tento equilibrar um pouco as coisas, e no caso da carne, faço um pouco como sugerido pela Joana no texto – "estico-a" aumentando os acompanhamentos e os legumes.
Infelizmente, a carne de boas origens não é fácil de encontrar na minha zona.
A regra em casa é haver um equilíbrio, e tentar comprar o melhor possível, respeitando a sazonalidade.
Gostei desta partilha, pois é uma forma de alargar o nosso leque de opções e variar as coisas.
Um grande beijinho,
Sara Oliveira