Tarte de Frango com Ervilhas e Cenouras


A avó do meu amigo Luís era uma pessoa extraordinária. Tive o privilégio de privar com ela, de ter ouvido muitas histórias. Era uma maravilhosa contadora de histórias, foi professora, escritora e mãe de 10 filhos (depois de lhe terem dito que provavelmente nunca poderia ter filhos!)

No meio das muitas histórias e apontamentos familiares que ouvi, gostava particularmente de ouvir a descrição da hora do banho das crianças, ou do panelão de papas de aveia do pequeno almoço.

Lembro-me também de algumas receitas que partilhou comigo, como  a receita do seu arroz doce, que era “famoso” entre os catequistas da minha paróquia, da galinha que faziam na Páscoa, ou da tarte de frango de que toda a família gostava.

Apesar de ter experimentado várias vezes a receita de arroz doce – e de ser das poucas que me sai bem – nunca me lembrei de fazer a receita da tarte de frango. Até há uns dias atrás.

Assim do nada, enquanto acondicionava umas sobras de frango assado numa caixinha, lembrei-me de repente. Foi como se tivéssemos tido essa conversa no dia anterior, apesar de ela já ter falecido há perto de 10 anos, e esta conversa ter provavelmente mais de 12 anos… De repente estava a ouvir a descrição “… vou guardando todos os restinhos de frango e carne assada numa caixinha no congelador. E junto também o molho do assado. Quando tenho uma quantidade suficiente faço a tarte. Cozo ervilhas e cenouras – daquelas pequeninas congeladas – e junto com a carne desfiada e o molho. Forro um pires com massa folhada, coloco a mistura lá dentro, tapo com outra placa de massa folhada e pincelo com gema de ovo. Com as sobras da massa, às vezes ainda faço umas florinhas para colocar por cima a enfeitar. Levo ao forno até ficar dourada. Todos gostam muito.”

Acho que foi mais ou menos assim. Ou é assim que a minha memória guardou esta recordação, neste emaranhado de sentimentos, comida e pessoas. Sei que se não for bem assim, o meu amigo Luís cá estará para retificar as falhas da minha memória.


Ingredientes para 1 tarte retangular pequena:


200g de sobras de frango assado e respetivo molho do assado

150g de ervilhas congeladas

100g de cenouras baby

1 placa de massa folhada retangular refrigerada pronta a usar

1 gema de ovo para pincelar

sal q.b.


Preparação:


Leve ao lume uma panela com água e sal e deixe levantar fervura. Acrescente depois as ervilhas e as cenouras congeladas e deixe cozinhar alguns minutos até ficarem macias. Escorra e reserve.

Desfie o frango e junte-lhe o molho. Envolva bem na mistura de ervilhas e cenouras.

Divida a placa de massa ao meio e com uma das metades forre uma tarteira retangular. Pique o fundo com um garfo e encha com a mistura de frango, ervilhas e cenoura. Com a restante massa folhada cubra a tarte, prendendo bem os bordos, e pincele tudo com um pouco de gema de ovo.

Leve ao forno previamente aquecido a 200ºC até que a massa folhe e fique dourada.

Sirva com uma salada verde.


Bom Apetite! 

9 respostas

  1. Uma receita simples, colorida, com uma história bastante bonita. É curioso como algo do dia a dia traz recordações, por vezes distantes. Acontece-me várias vezes, e algumas são relacionadas com comida, viagens, acontecimentos. O Outono lembra a feira das Mercês a que ia quando era pequena, para fazermos o avio dos frutos secos para o Inverno (naquela altura não havia supermercados nem hipermercados!), com o cheiro do leitão assado, o cheiro das primeiras "queimadas" na terra do meu pai e o licor de marmelo (provei-o quando não tinha idade para essas coisas!), o cheiro dos legumes no mercado das Caldas, entre outras recordações. Um grande beijinho, Sara Oliveira

  2. Se cá em casa costumamos fazer as tuas empadinhas de perú (mas com frango), com cert q vamos fazer esta tarte bem colorida e cheia de sabor! Receitas simples q fazem a 'festa'. Há coisas intemporais e as receitas são uma delas 🙂 Bjinhos!

  3. Olá :)!
    Antes de mais, queria dar os Parabéns pelo nascimento do António Maria e desejar muitas felicidades :)!!!! A minha pequenina Beatriz também nasceu uns dias antes e, sendo a primeira filha, as rotinas mudam completamente. Felizmente, ela é um anjinho, o que facilitou e muito as coisas. Este tipo de comida rápida tem sido bastante utilizada cá por casa e esta tarde parece ser deliciosa!
    Queria também deixar o feedback em relação a uma receita sua que experimentei: a de compota de courgette com beterraba e baunilha…é a aplicação exacta do ditado "primeiro estranha-se, depois entranha-se" :). Acho que meti um bocadinho de açúcar a mais, porque achava que ficaria pouco doce, mas gostei muito da combinação, que serviu para despachar as courgettes dadas pelos pais em quantidades absurdas eheh. Hoje será a vez de experimentar o bolo de banana com chocolate e amêndoa para despachar as bananas maduras e as amêndoas.
    Apesar de não comentar muitas vezes, sou uma grande fã do seu blogue e dos seus livros e já tive a sorte de assistir (infiltrada, porque já não apanhei vaga), a um workshop seu no ECI de Lisboa e gostei muito (acho que andei a fazer a receita da salada de cuscuz durante meses :p).
    Beijinhos

  4. Se é tarte e leva frango então é óptima de certeza. Adoro receitas que servem para aproveitar os restos de outras refeições e esta tarte está muito apetitosa.

    Visite-me em Gulosoqb

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