A minha Horta – Terra Fresca

Acho que é mais do que tempo do que vos falar da minha horta!

Como sabem, e podem ver pelo histórico aqui deste blogue, a ideia de ter uma horta não é nova. Começou com uma horta na varanda que foi um grande sucesso no primeiro ano, mas que no segundo, e com a gravidez do Zé Maria – que teve de ser muito cautelosa  – a coisa ficou pelo caminho. Depois veio o Zé Maria e o tempo passa de outra forma e com outras obrigações e a horta da varanda teve um fim.

Até que me deram a conhecer o projeto Terra Fresca (www.terrafresca.pt) Eu, que ando sempre a dizer que na minha cidade nunca há projetos interessantes tive de engolir em seco. Foi com todo o gosto que fui conhecer esta ideia, que me foi apresentada por uma amiga e já era “parceira” do projeto.(Tenho de referir que os parceiros são todas as pessoas que têm as suas hortas neste projeto.)

Bem me dizia a Paula que esta horta era “a minha cara”! E é. Foi amor à primeira. Decidi logo no dia em que fui conhecer o projeto que queria ficar com os meus 50 m2 de terra divididos pelos 3 “canteiros”. E tive a sorte de herdar “canteiros” que já estavam semeados e plantados, e portanto comecei a colher logo desde o primeiro dia.

A  minha horta é uma horta comunitária. E biológica. Assente em compromissos económicos, sociais, ambientais e institucionais. É mais do que apenas um pedaço de terra que várias pessoas cultivam. É uma proposta criativa, capaz promover a produção e o consumo local e que integra a cidadania ativa, a proteção da biodiversidade e a responsabilidade social.

E além disso tudo é a minha horta. Onde há uma engenheira agrónoma que nos ajuda e apoia qualquer que seja a modalidade de parceria escolhida. Uma horta que tem rega gota a gota – e que portanto não temos de estar preocupados com essa componente. Um horta onde todos os meses nos é enviado um mail a dizer quais as hortícolas disponíveis para semear/plantar durante aquele mês e que, nos disponibiliza sem custos adicionais as hortícolas escolhidas. Uma horta onde mesmo os leigos como eu podem contar com alguém que nos diz como cavar, colher, arrancar ervas daninhas, semear e plantar.

E, se não tiverem tempo, vontade, disponibilidade ou gosto por andar com as mãos na terra, e serem vocês a semear e colher, podem deixar tudo nas mãos deles e apenas receberem um telefonema ou email a dizer que podem ir buscar os vossos produtos hortícolas. (Claro que a modalidade mais simples – de ser cada um de nós a tomar conta da nossa horta custa 25€ por mês, e as outras modalidades podem ir até aos 60€ mês.)

E depois não há nada melhor do que sabermos de onde vem aquilo que comemos. De saberos que fomos nós que semeamos, plantamos e cuidamos. E, se tiverem a modalidade mais simples, a que eu tenho porque apesar da canseira adoro andar a plantar e colher – não tanto de cavar, mas faz parte!, estão realmente a ter um estilo de vida mais saudável, porque além de saberem o que comem, fazem exercício físico ao mesmo tempo!

Nestes quase 3 meses que levo de Terra Fresca, o meu balanço não podia ser mais positivo. Adoro o projeto. Adoro que me tenham dado a conhecer esta ideia e adoro o meu pedaço de terra que trato com muito amor e carinho e do qual já colhi imensas coisas, e onde consigo ter alguns ingredientes mais difíceis de comprar por aqui, como o caso dos “spring onions”.

Na Terra Fresca cada pequena horta tem um nome. Cada parceiro dá um nome à sua horta e há uma placa a identificar todas as hortinhas. A minha é a “Alecrim aos Molhos”.

Na Terra Fresca há iniciativas, como a sardinhada no verão ou a cerimónia onde foram colocadas as placas com o nome das hortinhas, onde todos os parceiros são convidados a participar. 

Na Horta Terra Fresca, os parceiros trocam entre si, os excessos da sua produção.

Falo na Terra Fresca porque sim. Porque acho que vale a pena. Porque gosto muito e acredito que aqui por Coimbra possam existir mais pessoas interessadas em ter uma pequena horta e que desconhecem por completo a existência desta horta comunitária. E para inspirar mais alguém a criar projetos semelhantes, porque há muitas pessoas que como eu vivem em apartamentos no meio da cidade e que também gostariam de ter uma horta.

Numa altura em que a debilidade dos meus avós já não lhes permite tratarem da sua horta a opção por ter a minha propria horta acabou por fazer mais sentido do que nunca. Posso agora já não ter a abundância de fruta e legumes de outrora, mas tenho ganho muitas outras coisa com a minha pequena horta e estou sempre a aprender coisas novas.

Adoro ir à horta, de ceira na mão apanhar o que está disponível – e apanhar também as ervas daninhas que crescem quase mais do que as hortícolas. E depois vir para casa e magicar o que cozinhar com tudo aquilo. Tenho descoberto receitas novas e blogues novos e estou sempre a aprender.

Com a abundância de rabanetes apanhados no final do verão – e já semeados por mim – fiz uns pickles para oferecer nos meus cabazes de natal!

Neste momento, na minha pequena horta há semeados e a crescer acelgas, alhos, cebolas, alfaces, cenouras, alho francês, brócolos, couve flor, couve coração, couve chinesa, couve de bruxelas, beterrabas, chicória, salsa, coentros, espinafres, pimentos, pimentos de padron, couve galega, manjericão, segurelha, tomilho, rúcula selvagem, aipo e spring onions.

Parece pouco mas é um orgulho ver tudo a crescer de dia para dia.

Pronto, já vos contei tudo acerca da minha horta. Se quiserem saber mais nada como passarem por lá.

E por aí? Quem tem hortas? Comunitárias ou não.

(Nota: estas fotos foram tiradas a 13 de Setembro e a horta está neste momento um pouco diferente. Já não há tomates, nem canas de feijão verde. Entramos em época de couves e por enquanto está tudo mais “rasteiro” e a crescer!)

8 respostas

  1. Por aqui também iniciamos em abril uma horta. A nossa é num pedaço de terreno onde antes tínhamos relva. Começamos a fazer contas à vida e chegamos à conclusão que andar a gastar água para ter relva, então plantamos algo que se coma. E assim foi…posso dizer que é um enorme prazer tratar do nosso pedacinho de terra, conseguimos que o nosso filho mais velho começasse a comer legumes, coisa que antes não fazia e no fim feitas as contas acabamos por poupar algum. Reduzi imenso a conta da água (a relva gasta mais), tenho sempre legumes frescos e agora que arranjei uma estufa pequena vou ter no inverno algumas coisas que no supermercado são caras, como alface, tomate, etc. Vamos experimentando. Desejo-lhe boas culturas…

    Beijinhos

    Sissi

    http://reflexoesrapidas.blogspot.pt/2014/04/uma-horta-ca-em-casa-parte-i.html
    http://reflexoesrapidas.blogspot.pt/2014/10/uma-horta-ca-em-casa-parte-xiii.html

  2. Que espetáculo de horta, ai quem me dera ter uma, eu quando for grande (diga-se idosa :p) quero ter uma assim, numa terriola no Alentejo :p

    jokas
    mae_qb

  3. Que magnífica horta, Joana! Que coisa tão boa, esta de podermos plantar e ver crescer aquilo que depois vamos colher e comer! No Verão do ano passado plantei algumas coisas no mini-quintal da minha mãe. Tivemos brócolos, couve portuguesa, alface, tomate-cereja, e algumas penas e couve coração, mas estas duas últimas ficaram muito pequenas, e foram quase todas devoradas por caracóis. Este ano não tive disponibilidade para plantar nada, mas ainda me sinto tentada a fazê-lo, porque o tempo continua ameno, e talvez as couves e os coentros que gostava de plantar se aguentem.

  4. A minha horta é o quintal do meu pai, eu não planto, embora lhe dê algumas sementes e plantas para semear, mas gosto de ver as plantas a crescer, ficarem maduras, colher, gosto de andar por lá a bisbilhotar tudo, tirar umas ervinhas. Mas o melhor é depois comer, os alimentos tem outro sabor.

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