Receitas de Natal

Mais um Natal que está quase a passar!

Entre tachos e tabuleiros, entre bacalhau, peru, polvo, cabrito e pato. Filhós, rabanadas e sonhos. Tradições mais recentes de tarte de chocolate e natas e bolo de chocolate com as filhós da beira preparadas este ano pelas minhas mãos, porque a avó já não pode nem nunca mais vai poder.

Arroz doce, pão de ló e leite creme. Mas também bolo de chocolate e cheesecake de lima-limão com frutos vermelhos. A canja servida na terrina da avó Celeste, bem como a sua receita de aletria.

O bacalhau com caras e línguas abafado com as couves, batatas, muito azeite e alho picadinho.

O arroz de polvo com filetes do mesmo e o peru da sogra encetado às tantas da manhã. A missa do galo com o Pe. João a oferecer um cálice de porto e uma fatia de bolo rei.

A mesa posta e levantada várias vezes. Louça suja. Louça lavada.

Acordar na manhã de dia 25 com a boca seca e ir ligar o forno para colocar o cabrito a assar.

Tomar o pequeno almoço na sala, a olha para a mesa dos doces com uma chávena de café na mão e a rabanada a escorrer calda na outra.

A mãe a chegar com o arroz de pato e a canja. A sogra a chegar com o peru já meio comido pelos esfomeadas habituais das duas da manhã.

O sons das crianças que agora também já têm lugar à mesa. O som dos copos a brindar, das rolhas das garrafas a saltar e dos talheres a bater nos pratos.

O continuar a comer para provar de tudo, mesmo quando já não se tem muita fome. O som da máquina de café e do abrir da garrafa de água das pedras.

O cheiro da lareira e o crepitar da lenha. O barulho do papel dos presentes a rasgar, do abrir dos sacos.

O meu pai a apalpar as prendas, no seu jogo habitual de “adivinhação” antes de as abrir.

A excitação do Zé Maria a abrir alguns dos presentes.A campainha da porta a tocar e o telefone a tocar.

A mesa cheia. De comida. De pessoas. De vida. De amor. De Natal.

Boas Festas a todos!

14 respostas

  1. Feliz Natal Joana! Que este blog dure por muitos e bons anos!
    Para além das receitas adoro o texto que faz antes de cada uma…
    Fiquei mais descansada por saber que não é só cá em casa que pais e sogros trazem a comida já pronta… Ontem só fiz o acompanhamento e sobremesa 😉

    Bjs sofia

  2. Olá Joana
    Gostei muito de ler esta descrição da comemoração do Natal, é quase com na minha casa. Dá me sempre prazer fazer gazeta preparação da festa. Continue a escrever. Boas festas 🙂

    1. Ana,
      Obrigada!
      No entanto não houve gazeta na preparação da festa. Posso não ter feito o peru ou o bacalhau, mas as sobremesas, a mesa, a decoração e as entradas ficou tudo a meu cargo. Gosto muito desta azáfama do natal.
      Um beijinho,
      Joana

  3. Boa discrição… um natal recheado, de pessoas e comida. O culminar, o auge, o climax, para uma pessoa que começa a falar no Natal em Agosto e que parece que gere a vida e o blog em torno dessa época festiva.Gostei de ler, a sério que sim, você tem um dom na escrita, tal como na cozinha.
    MAS, ha sempre um mas… tudo bem que tem uma família enorme, (ha famílias que se resumem a 4 pessoas e outras nem isso, é bom não esquecer!!!), tudo bem que tem que alimentar essas pessoas todas, mas, e aqui está o mas, a fartura, a opulência, o despesismo… não será demais!? É mesmo necessário bacalhau, peru, polvo, cabrito e pato, tudo isso num jantar e num almoço!?!? ok, vai dizer que alguns comem a noite toda, outros ficam para o jantar do dia 25, que tem de haver variedade e que ainda vai sobrar para congelar (já sei disso TUDO!), mas será mesmo necessário cultivar o "infarta brutos" quando uma família pode ser BEM alimentada com apenas um prato ao jantar e outro ao almoço, tal como faziam as nossas avós e as nossas mães, e tal como fazem outras tantas famílias com ou menos posses!!!
    Sei que a Joana se importa com esses valores do passado, sei que lhe tocam certas tradições, sei que sabe dar valor ao viver com pouco e à poupança… Logo, não acha que as famílias estão a viver para o consumo excessivo, não acha que estamos a transmitir esse consumismo às nossas crianças, e que não se resumo aos brinquedos não, porque o consumismo também está à mesa, e digo, principalmente à mesa. O viver bem, o viver saudável, o não comer porcarias, o não dar doces ás crianças, é um estilo de vida que a manter-se não deve ser quebrado só porque é Natal, não faz muito sentido tentar seguir uma linha e depois quebra-la nesta época.
    É certo que cada família faz o que quer e como pode, ha aquelas que têm tudo o ano todo e o dobro no Natal, há aquelas que têm muito pouco mas compensam no Natal e ainda outras que encontram o meio termo.
    Eu já vivi bem e já tive fartura à mesa, mas com o desemprego, com a crise que se instalou, com a mudança radical que tive na minha vida, com as soluções que encontrei, consegui perceber uma coisa: conseguimos fazer muito com pouco. O natal consegue ser a mesma coisa, com um bacalhau cozinhado de forma diferente para a consoada e um peru criado em casa ou mesmo uns galos velhos bem preparados.Quanto aos doces, pouco mais que três, afinal de contas não é uma boda e o açucar em excesso faz mal à saúde.
    Não veja nesta observação um ataque pessoal, mas um tema de discussão, um outro olhar da mesma história.
    Fique bem.

    1. Não vejo aqui nenhum ataque pessoal. Apenas diferentes opiniões de como se pode/deve celebrar o natal.
      Claro que podemos fazer do natal uma festa mais simples e não abusar na abundância que se coloca na mesa. Para si faz sentido, mas para mim não era bem o natal que eu gosto.
      Apesar do que lhe possa parecer, de "gerar a vida e o blogue em torno dessa época festiva", isso não é bem verdade, até porque há muito mais na minha vida do que aquilo que eu partilho aqui no blogue. Mas lá que adoro o natal nisso tem toda a razão!
      Quanto à sua observação de ser ou não necessário bacalhau, peru, polvo, cabrito e pato e, duas refeições e a fartura, a opulência e o despotismo… o que quer que lhe diga? O bacalhau e o polvo fazem parte da ceia do dia 24. Um bocadinho de cada.
      No dia 25 o cabrito por tradição na minha casa. Haveria motivo para o peru e para o pato? provavelmente não, no seu ponto de vista… mas por aqui há duas famílias com tradições alimentares diferentes que se juntam a uma só mesa para celebrar. A mim, faz sentido poder combinar as duas tradições – o cabrito que se faz em minha casa, e o peru que se faz sempre em casa dos meus sogros. Além disso há quem não goste de cabrito o que leva a ter sempre uma solução alternativa…. A si, o que lhe parece despesa e opulência, a mim parece-me partilha, respeito pelos outros, e compromisso de tradições quando se juntam duas famílias. Meio cabrito em vez de um, e um peru mais pequeno fazem o resto… E depois é novamente a partilha. Eu fiz o cabrito e a minha sogra o seu tradicional peru. E quanto ao pato? Bem.. a minha irmã, que não mora com os meus pais e vive longe andava com saudades de arroz de pato…. A mim, parece-me um bom motivo para ele também estar à nossa mesa. E no final? Cada um levou os seus restos para comer no dia seguinte ou congelar ou todas as doutras coisas que já sabe!
      O natal é época de festa. Se no natal consumimos mais? Provavelmente. Se no natal devíamos fazer o mesmo que no resto do ano? Talvez. Se conseguimos fazer muito com pouco? Não tenho a mínima dúvida.
      Tal como diz, "é certo que cada família faz o que quer e como pode". Por aqui o natal foi assim. Como quisemos e como podemos: partilhado e "farto".
      Se o natal é só uma vez no ano, a mim faz-me sentido vivê-lo de forma diferente dos outros dias do ano. Mas este é o meu olhar desta mesma história.
      Felicidades para si e para a sua família. E boas festas como as puder e quiser viver e partilhar.
      Joana

  4. Só agora li este último comentário… mais um 'anónimo' a tentar deitar abaixo a autora do blog e ñ se identifica! Mas é mesmo preciso escrever assim?! Cada família(s) tem as suas tradições natalícias e pronto! Prefiro ver fartura à mesa e os restos são sempre consumidos mais tarde, do q gastar dinheiro em tablets, jogos e sei lá q mais! Ainda hoje soube de uns pais q ofereceram um tlm de 250€ ao filho de 16,17 anos! E outros q ofereceram um jogo de 60€ a um miúdo de 10 anos! Isso sim é despesismo! Lamento que nem tds tenham possibilidades de comer melhor ou até mais, pq o seu orçamento ñ dá pra isso, mas a autora do blog tem a liberdade para falar do Natal e td o q se relaciona com isso qd lhe apetecer! E a 'anónima' deve ter andado distraída, pois desde o Verão o q ñ faltaram no blog foram receitas e textos nada relacionados com o Natal! Bjinhos Joana!

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